sexta-feira, 8 de setembro de 2017

meu irmão sinto muito eu venho de um mundo em que as guerras são bem mais sutis

em que a raiva não se mostra assim tão clara e tão direta pelo tom da voz

em que o desprezo se disfarça de ironia e chovem palavras de gelo olhos de gelo a superioridade óbvia que somente nós pobres mortais não conseguimos ver

mas ainda assim é o mesmo jogo e já não posso me deter à estrada a cada inquietação revolta o desespero e tem aí milhões de vozes que jamais foram ouvidas

se eu não enxergasse tantas léguas além do teu jogo ou se eu não estivesse farto de jogar

se você fosse o primeiro único macho de orgulho ferido querendo testar os limites da força da minha ternura

fico tentado a fazer um mea culpa só que já me demorei demais pagando pelos erros que uma vez eu cometi e pelos que não cometi também

vá me deixe viver um pouco a minha própria vida

um dia terei a palavra que te ressuscite ela está em meu coração mas falta ainda um bom caminho até que esteja na ponta da língua

e quero muito te falar meu irmão eu quero mesmo

quero te ver acolhido e respeitado e reinando absoluto sobre os dias

só nos falta um silêncio mais fundo talvez

nada é realmente sobre conquistar e destruir

se eu estivesse pronto ao menos

mas talvez não conseguisse mais do que falar de novo da importância das pequenas coisas

algum discurso fácil e batido e gaguejado pela minha dúvida

porque agora eu tenho cá pra mim ou acho ou ando bem desconfiado

de que as coisas importantes mesmo caso existam

são ainda menores que as pequenas

Um comentário:

Anônimo disse...

e continuamos sempre tentando ser o melhor que podemos ser. um abraço carinhoso