meu irmão sinto muito eu venho de um mundo em que as guerras são bem mais sutis
em que a raiva não se mostra assim tão clara e tão direta pelo tom da voz
em que o desprezo se disfarça de ironia e chovem palavras de gelo olhos de gelo a superioridade óbvia que somente nós pobres mortais não conseguimos ver
mas ainda assim é o mesmo jogo e já não posso me deter à estrada a cada inquietação revolta o desespero e tem aí milhões de vozes que jamais foram ouvidas
se eu não enxergasse tantas léguas além do teu jogo ou se eu não estivesse farto de jogar
se você fosse o primeiro único macho de orgulho ferido querendo testar os limites da força da minha ternura
fico tentado a fazer um mea culpa só que já me demorei demais pagando pelos erros que uma vez eu cometi e pelos que não cometi também
vá me deixe viver um pouco a minha própria vida
um dia terei a palavra que te ressuscite ela está em meu coração mas falta ainda um bom caminho até que esteja na ponta da língua
e quero muito te falar meu irmão eu quero mesmo
quero te ver acolhido e respeitado e reinando absoluto sobre os dias
só nos falta um silêncio mais fundo talvez
nada é realmente sobre conquistar e destruir
se eu estivesse pronto ao menos
mas talvez não conseguisse mais do que falar de novo da importância das pequenas coisas
algum discurso fácil e batido e gaguejado pela minha dúvida
porque agora eu tenho cá pra mim ou acho ou ando bem desconfiado
de que as coisas importantes mesmo caso existam
são ainda menores que as pequenas
Um comentário:
e continuamos sempre tentando ser o melhor que podemos ser. um abraço carinhoso
Postar um comentário