sábado, 28 de outubro de 2017
sei qual erro eu cometi e não é o que você está pensando
todos os dias tenho arrastado culpas
todos os dias sou ameaçado pela indiferença dos fatos
você precisa ver sangue
e eu não tenho as defesas necessárias
contei os tiros e não sei por que ainda é em mim que estão mirando
ninguém virá recolher os pedaços
o que eu perdi já está perdido pra sempre
entendo o que você quis me dizer sobre termos sido privilegiados
sei que o meu soluçar de dor não vai virar um grito revolucionário
mas eles jogam fora o pólen por causa de espinhos
e eu não quero mais ter que pedir perdão todas as vezes que floresço
todos os dias peço perdão
todos os dias tenho esperado
quando foi a última vez que nos sentimos benvindos em nosso planeta
quando foi
a última vez que vimos nosso mundo descansar sem medo ou raiva
percebo os excessos
também sinto falta
ninguém virá gerar em nós uma virtude que nunca tivemos
estamos por conta própria agora
e não é uma pena que a crueldade esteja vencendo a guerra
pena é que existam guerras
a crueldade é só a única forma de vencê-las
quinta-feira, 19 de outubro de 2017
Vozes murmurando a guerra, vozes aéreas ignorando a guerra, vozes de guerra todas elas, e um barco bêbado embalado pelas vozes//
Um tremor de terra e (do meu colo cai o livro que deixei mais uma vez pela metade e não retornarei a ler) covardes que nos querem segregados | nem a cor, nem a conta, nem aquele a quem eu rezo, e mesmo que eu não reze nada, nada disso eu sou | /vocês são muito chatos só isso//
Porque acabei dormindo no capítulo sete) atravessar desertos de poeira vermelha e | COLAPSO \ do que você tem tanto medo\ não adianta nada você ter//você perdeu, filho\ você já perdeu tudo.
Gota. a. gota. assistia a isso enquanto fechava os olhos e não sei bem se chorava ou se choveu mas Tanto amor desperdiçado e Por que vocês chamam de vencedores esses imbecis Por que vocês precisam tanto de um vencedor Por que esses imbecis?
Sssuave bomba.
(No meio da página 44)
sexta-feira, 13 de outubro de 2017
as flores que saíram voando o mel que brotou do verso um sopro de brisa fresca no verão do norte inspirado lentamente por um corpo exausto uma fonte oculta
uma fonte oculta
atravessa em silêncio o campo minado o fogo cruzado o vasto deserto rochoso das almas do curve-se-à-verdade-única-e-maior-que-tudo
e é tão convincente a ilusão de se curvar e de assentir
jamais subestimando a ignorância dos controladores
mas sob as vestes pesadas leva o contrabando
o suco das frutas mais doces sete cores impossíveis de arco-íris inventados um punhado de sonhos invadindo as praias da manhã e trazendo de volta das profundezas a última esperança náufraga que ainda vive
sábado, 7 de outubro de 2017
Vem me ver com esse sorriso, derrete o meu coração de pedra fria. Dessa alegria que é um mar interior, passeia a mão no meu rosto e me despe de todas as máscaras. Noite morena da noite mais quente e mais quieta, delicada união insolúvel, deita ao meu lado de olhos abertos, derrama no ar esse abraço para muito além do corpo. Vem devagar, vem me encontrar na tua boca. Nada é capaz de perturbar nossa calma. Nem aplacar a fúria ou preencher o abismo ou enxergar nas trevas que, tudo arrancado de nós, serão os muros entre nós e o mundo. Sobra aqui dentro a vida – renovável, limpa, luminosa. Somada e multiplicada, teremos o bastante para muitos séculos.
Assinar:
Postagens (Atom)