sábado, 19 de maio de 2018

Não seria importante.
Sábado.
Os ruídos eram poucos e chovia,
estava começando o outono,
esfriou um pouco desde ontem e chovia à tarde. No asfalto, escorrendo pelos prédios e escorregadores dos parquinhos uma chuva cinza de concreto fria e sem vontade, não seria nada. Um
figurante
de uma cena que ficou de fora na hora da edição,
não acrescentava nada,
nem se debruçaram à janela pra vê-lo acenando, adeus,
talvez ninguém mais saísse de casa e as lojas estivessem fechadas e os cachorros escondidos e dormissem nos sofás com as televisões desligadas.
Passaria.
Seria esquecido.
Voltaria a acontecer e não seria lembrado.
Uma cidade sem fim de calçadas e grafites, árvores úmidas e um dois três quatro milhões de pares de mãos enluvadas ou nos bolsos, uma espera inútil de quando já não falte nada,
uma espera esquecida de si,
quase-mudez,
friozinho.

Um comentário:

Anônimo disse...

Sensação angustiante!!!