sábado, 28 de julho de 2018
Esperava que as
palavras.
Nunca.
A substância sem forma
do sentir.
Porque tua boca,
porque eu.
Verdade, eu procurava
por
perdão, eu que matei
com estas mesmas mãos
amor e culpa e tudo o que inventei
e vi morrer assim toda
esperança e nunca adivinhei
talvez nenhum.
Tropeço,
vaidade do sim.
Queria que um gesto,
um abraço, um adeus.
Ainda naquele tempo em
que
nunca passou.
Mas esperava que
agora, ou não sei, ou
pra sempre, afinal,
quando for.
sábado, 21 de julho de 2018
- já tantas vezes mil
milhares já bilhões de vezes eu enlouqueci e não era amor nem anjos me
abraçavam, bobo em pele de cordeiro, a ausência acumulou nos poros e mais nada
respirava a não ser noite absurdo amargo inverno ou ódio, sim, a solidão
despedaçava abraços e eu queria apenas o meu ouro ou minha glória, talvez
ambos, nunca a minha vida ou minha paz inteiras, ainda me lembro bem, e sei de
cor o mal que faz quando nos falta amor ou falta amar ou faltam ambos, mil,
milhares, bilhões de vezes qualquer
coisa aqui dentro de nós morre e mata e nos maltrata ainda mais na longa marcha
em direção ao nada onde ainda, ainda, ainda erguemos a cabeça em guerra e por
orgulho ou fábula, pura matéria, toda a pura gravidade inescapável e sem fim das
eras e das horas.
sábado, 14 de julho de 2018
Terrabela, 25 de julho
de 2012
Marina;
Não entendo você achar
que eu possa estar arrependido. Essas feridas abertas, esse perrengue todo que
estou passando não são nada perto de uma vida sem você – achei que estivesse
claro.
Uma vida de mentira e
crueldade, foi o que deixei pra trás. Eu estava era me arrastando por aí,
covarde demais pra sair das sombras, já nem acreditava no amor, você sabe.
Quando te conheci, a impressão que eu tinha era de que a felicidade me
espreitava como uma fera na selva, salivando, mirando meu coração pela
garganta. Já não tinha mais como escapar. E eu tinha medo, sim, mas ao mesmo
tempo nem queria escapar. Não temos culpa desses corações de pedra à nossa
volta, desse ódio à alegria, dessa gente meio morta querendo nos castigar por
não sermos eles, por fazer tudo à nossa maneira. Gosto da pessoa que me tornei,
nem conseguiria mais ser outra e quero mais é que todos saibam logo de uma vez,
que todos vejam que é por você, que é só porque eu te amo.
Só porque eu quero
olhar o teu sorriso se espalhando. Quero te ver gostar, não sei, quero te
assimilar porque me convenceu a tua razão de ser, e é só porque você dança bem,
não foi por nada não, foi por um milhão de motivos e até agora nenhum deles me
desenganou, foi só porque sim. Faria tudo outra vez, iria até o fim, como fui,
vou até o fim e estou indo, vou fazer o que for pra ver de novo outra vez ficar
revendo repetidamente o céu noturno do teu olho, toda noite, de pertinho, esse
universo com mundos demais pra gente conseguir contar.
Agora não é mais
questão de acreditar: a gente sabe, simplesmente. A gente sente. A gente é.
Porque você está comigo em todos os momentos de alegria – e não pra que só
existam eles, ou pra te pedir que sempre faça eles acontecerem – mas porque
você também está comigo quando eles não existem e isso já resolve tanta coisa,
sabe, não sei se me explico bem, não sei se é coisa que se explique, só sei que
é com você e que é sempre que você está, e que eu quero mais é que você esteja
mesmo, e seja sempre muito mais, e continue sendo.
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