Era uma despedida e
por isso a voz triste
Não tem como abraçar o
fato de que fui feliz por conta própria
As ruas da madrugada a
sensação de não saber mais muito bem o que é cidade o que é sonho
O silêncio na praça
cheia de gente enquanto alguém cantava os números do bingo
O ar abafado a água
fria do banho os banhos de rio no meio de uma tarde quente onde todas as tardes
são quentes
Não tem como abraçar
essa vontade que eu tive de ficar mais tempo
O velho que
atravessou a rua pra falar comigo e que me chamava de Meu Curumim
Os curumins que me
falaram da festa em janeiro e de peixinhos coloridos e dos sonhos que tinham
com viagens pelo mundo
Conversas do cais, de
barcos e barqueiros e animadas praias de areia muito branca na outra margem
Uma caixa térmica numa
janela uma família entre tantas famílias vendendo dindin a 50 centavos
Nem me lembro do que
foi
Que a dona da hospedagem perguntou enquanto apertava os botões de uma calculadora, mas
Quando respondi que
sim
Ela levantou os olhos
Falou Você me disse um
sim tão triste
E não eram as despesas
Não tinha como abraçar
a dona da hospedagem do outro lado do balcão
Era uma saudade
antecipada
Quando é que você
volta? – ela me perguntou
E a única coisa que eu
tinha vontade de responder era
Agora
Um comentário:
Uau!!!! Lindo!!!!
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