pensando
que
talvez
se eu arrancar meu coração rasgar em pedaços atirar ao fogo sapatear sobre as
cinzas
dançamos
abraçados músicas românticas em muitas festas de garagem
descemos
a serra do mar andando pelos trilhos e depois voltamos clandestinamente embarcados
entre dois vagões
numa
noite fria de neblina em mil novecentos e noventa e oito vimos um amigo se
jogar pra morte do alto de um prédio condenado
hoje
passo muitas horas nesta mesma sala encarando reproduções baratas e pequenas
demais de frida kahlo
se
eu aprendesse a fazer poesia
já
tem um tempo que eu sinto este nó na garganta e se ele desatar inunda
conheci
uma menina que escondia a própria vida em uma espécie de coração subterrâneo
e
um velhinho que não conhecia mais que as cinco ruas da pequena vila em que
sempre havia morado
vi
amigos se casarem e se separarem e ajudei a cuidar de seus filhos pra que eles
crescessem sabendo que eram capazes e muito queridos
minhas
forças terminaram
estou
farto de ver nascerem sonhos belos só pra depois eles serem estraçalhados outra
vez contra os rochedos
bons
momentos engolidos pelo tempo intocáveis dentro da fumaça negra das saudades
sem esperanças
eu
não suporto mais carregar sozinho
estou
morrendo de carregar sozinho
e
fico aqui pensando que
talvez
se um meteoro quem
sabe
Um comentário:
Muito deprimente...������
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